Fotógrafo constrói equipamento que registra cenas em três dimensões em Pelotas


Acompanhem essa matéria que é muito importante pra cena da fotografia nacional...


Lâminas de alumínio, madeira e dois celulares foram os materiais usados pelo inventor

Fonte: SANCLER EBERT Pelotas/Casa Zero Hora sancler.ebert@zerohora.com.br

Quanto tempo um sonho pode levar para se tornar realidade? Essa é a pergunta que se faz ao ouvir a história de um inventor de Pelotas. Há mais de 20 anos, Luís Alberto Elste, 78 anos, almeja registrar os cenários de sua cidade em três dimensões. A vontade nasceu quando o fotógrafo se encantou com uma série de imagens em 3D que vinha de brinde numa caixa de chá.

Com lâminas de alumínio, madeira, dois celulares e muita criatividade, o fotógrafo criou uma máquina que faz fotografias em três dimensões.

Veja como funciona o equipamento inventado pelo fotógrafo

A ideia do professor Pardal do sul do Estado surgiu muito antes do filme Avatar, de James Cameron, fazer do 3D a tecnologia do momento.

Sem dinheiro para adquirir uma máquina estereoscópica, própria para a realização de fotografias em três dimensões, que pode custar até R$ 12 mil, Elste dedicou os últimos três anos para construção da sua invenção.

Paixão pela fotografia vem do gosto pela liberdade

Fotógrafo há 62 anos, o pelotense acredita que levou tanto tempo para realizar seu sonho porque precisava atingir primeiro um amadurecimento profissional.

— Demorei para fazer a minha máquina estereoscópica porque sempre aprendi tudo sozinho, inclusive fotografar. Sou um curioso, mas nunca me contento com que faço — explica.

Nascido numa família humilde, Elste começou a trabalhar cedo para ajudar o pai, José Luis, que era ferreiro e a mãe, dona Dulcira, modista (como as costureiras eram chamadas no século passado). Já o filho, procurou uma profissão que lhe desse liberdade. Logo, enveredou para a fotografia.

Aprendeu a registrar o mundo em fotogramas pedindo câmeras emprestadas aos amigos. Só teve uma sua quando o chefe, que era proprietário de um comércio de rádio e fotografia, lhe presenteou com uma Flexarete.

— Comecei nos campos de futebol de várzea. Fazia as fotos num domingo e no seguinte ia vender. Depois passei a fotografar os encontros sociais, no auge do “high society” pelotense — relembra.

Das festas de sociedade, o fotógrafo passou a registrar os grandes acontecimentos de Pelotas. Elste esteve presente no acidente de um avião que explodiu no aeroporto da cidade. As imagens do fogo queimando a aeronave continuam vivas até hoje na memória do retratista. No entanto, foi outro momento que ele guardou como o mais significativo da vida.

— Com certeza a foto mais especial foi do dia que fotografei Getúlio Vargas discursando na sacada da prefeitura — afirma.

Embora tenha sempre fotografado, Elste nunca deixou de inventar novas máquinas. A copiadora e ampliadora de fotos que usa foi toda feita por ele. Os consertos da impressora off-set Remington também são de responsabilidade dele.

A paixão pelas invenções às vezes causa ciúme na família. Os filhos reclamam do tempo que ele passa no cômodo da casa transformado em laboratório fotográfico e pequena gráfica.

O sonho do inventor está próximo de se tornar realidade. Até o final do ano, ele espera lançar um livro com fotografias em três dimensões dos cenários de Pelotas. Serão registros da Praia do Laranjal, da Prefeitura, do Museu da Baronesa, das igrejas e dos teatros.

De acordo com Elste, as fotografias vão ser captadas em dias de movimento e a previsão é que a primeira edição tenha mil exemplares.

Além disso, de acordo com o fotógrafo, a captação das imagens só deve começar em setembro, pois a luz dos dias de inverno não é boa para a realização das fotos em três dimensões.

Toda impressão do livro será feita pelo próprio fotógrafo. Já os textos das legendas serão produzidos pelo presidente do Instituto João Simões Lopes Neto, Henrique Pires:

— Fiquei muito feliz com o convite. O Luís Alberto Elste é um fotógrafo histórico e emblemático de Pelotas.

0 comentários:

Postar um comentário